O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
Hoje sei de onde vem este cansaço…’da alma’ e que vem ‘de dentro’….
É cansaço de mim, e só agora percebi.
Só hoje, e por ser o dia que é, consegui parar, olhar bem dentro de mim, e…chorar lágrimas que doem ao cair. Estas não são as mesmas lágrimas que choro há anos. Não…estas são sinceras, verdadeiras e fazem-me levantar a cabeça. Olhar em frente.
Hoje é um dia tão triste para mim…tão triste…como gostava de ter tido o teu abraço. Apertado. Mas ainda não chegou a hora dele (do abraço…).Como falta ainda para que possa abraçar-te de volta e dizer que te amo com palavras sinceras. Percebi que nada do que tenho feito, ou dito está certo. Não porque seja mentira, ou fraude, mas porque a tristeza e o amor não podem dar as mãos…nunca podem enlaçar-se num abraço terno, quente, como aqueles que dividi contigo.
Hoje sim, o dia foi triste. O começo de uma nova era. É tempo de mudar (tinhas razão).
Hoje esteve sol. Um sol quente e dourado. Mas para quem não o sentiu na pele apenas, porque esse, o sol que se sentia na alma, era frio, gelado. Mas consegui. Sim, hoje consegui, como se uma força interior me movesse. Hoje consegui fechar os olhos, sentir o sol na alma, e não no coração, como tenho vindo a fazer há tempo demais. É a alma que precisa dele pois…
Peguei no meu coração
E pu-lo na minha mão
Olhei-o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.
Olhei-o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;
Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida.
Fernando Pessoa
Hoje foi o dia. O dia em que decidi não mais me enganar. E disse-te. Sei que te disse e que percebeste.
Que este dia jamais passe sem lembrança. É este o dia…como é…
Como precisei do teu abraço. E tive-o! Dentro, bem dentro da minha alma…(e tu sabes disso tão bem quanto eu).
Dizer que te amo? Para quê, se o sabes de cor….
Dizer palavras bonitas, que ficam bem a quem as ouve. Serão sinceras...? E não é isso afinal que procuras…?
Não preciso dizer que te amo. Dizer que te amo, é dizer que te amo, e o que quer isso dizer então? Senão que te amo…?
….e não estás tu cansado de o saber….
