Se o nosso silêncio vencer as palavras, então será porque assim determinamos. Ambos sabemos, no entanto, que o que o coração cala, os olhos gritam. E por vezes…os lábios também. Num beijo mudo, que se prende num sentimento cheio. De nada….
Quantas vezes me apertaste contra o teu peito, de forma a que sentisse o teu coração bater, mesmo forte, contra o meu. Quantas vezes me rasgaste o olhar, com o teu, e as palavras não precisaram sair. Mesmo presas, eu ouvi-as. Mesmo calado, falaste muito alto. Quantas vezes ficamos assim, ali perdidos em carícias, cada um assaltado pelos seus pensamentos, pelos seus sentimentos.
Pegaste-me na mão. Levaste-me contigo….levaste o meu coração também. E hoje, ele ficou assim, preso num lugar pequenino e apertado. Onde não tem espaço para respirar. Onde a linha do horizonte se perdeu, e não há mais ‘diferença entre o que somos e o que gostaríamos de ser’. Éramos, e gostamos de ser um só. Éramos e gostamos de ser um apenas. Unidos. De mãos dadas, sempre sempre.
Quantas vezes fixamos o olhar. Esperando que o outro dissesse uma palavra. O teu, esse brilhava ao ver o meu sorriso, que tu dizias (??) ser só teu.
É apenas teu ainda, e será sempre. Nunca ninguém um dia terá, não a dar, mas receber, este meu jeito de te escapar do olhar. De fugir de ti quase como que uma miúda envergonhada.
Mas quando apertamos a mão um do outro, quando os nossos dedos se enlaçam, e me falas ao ouvido (baixinho), é quando o mundo pára. Eu ordeno que assim seja, e ele obedece-me. Pára para que esse momento permaneça assim, puro. Quantas vezes me obrigaste a fixar o teu olhar, e quantas vezes tentei fugir dele.
De onde vieste? Como chegaste a mim?
Teria tantas palavras para te dizer, desejo dizer-tas mas há algo que me impede. Procuro a razão bem dentro de mim e descubro que dentro de mim nada faz sentido, e que a razão não existe há muito. Pu-la de lado, e entreguei-te o coração. Razão?? Para quê? Se o coração grita muito mais alto…? De que me serve abafá-lo em pensamentos coerentes, racionais, mas que me deixam sentir fome. Que deixam o meu olhar perder o brilho, e me fazem baixar os braços…
De que me servem certezas de nada (porque nada é garantido) que mais tarde irei deitar fora..
Talvez a forma como examinamos as nossas vidas nos impeça de ver mais longe. E juntos, podemos ver tão longe ainda!!
Gostava tanto que o tempo parasse.
Que parássemos de nos atormentar.
Que a história avançasse.
Sabes? Um dia vou segurar-te na mão de novo, sem a apertar com muita força, para que possas mover-te livremente, sempre livremente…e juntos, vamos divagar. Viajar no tempo e nas memórias. E assim, entregues aos nossos pensamentos, sem que as nossas mãos parem de acariciar-se, faremos promessas de amor.
Que ambos iremos quebrar.

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