Passaram já 15 anos. E lembro cada detalhe deste dia.
Eu sei. Sei bem que criei este blog para começar de novo. Mas para começar de novo, todo o passado tem que estar arrumado no devido lugar, não....eu não disse esquecido. Porque eu nunca, nunca, Nuno, a cada dia que passa, te esqueço. Nunca Nuno, a cada passo que dou esqueço o teu olhar.
Porque me abandonaste quando eu também precisava de ti Nuno?
Porque me deixaste uma pilha de frases escritas, e guardadas para eu ler? Porque me deste a mim, essa responsabilidade? Porque acreditaste que eu seria forte, mais forte, e que eu iria aguentar? Porque acreditaste tanto em mim Nuno?
Porque me abandonaste também....?
Sabes, sabes bem o amor que te dediquei. A raiva que passou de cada vez que me fizeste mal. Isso não ficou guardado no meu peito. O que ficou guardado sim, foi o teu olhar, doce...meigo...o teu sorriso malandro. Às vezes ainda sonho contigo. Passaram 15 anos. Lembro-me tão bem de me teres pedido um beijo nesse dia...
E eu, sempre zangada contigo, sempre cheia de raiva, sempre furiosa com o mundo inteiro (tu sabes bem porquê) dei-te esse beijo. E um abraço também.
Até hoje Nuno, adoro abraços. É neles que encontro o meu lugar de conforto, de Paz.
Quando voltei a casa, nesse dia à noite, do trabalho, não pude abraçar-te mais. Quando vi o teu corpo, frio, quieto, parei no tempo. A raiva voltou....mas não de ti.
Senti que o Universo me tinha abandonado. Que o chão me fugira dos pés. Fiquei com raiva, uma raiva de que tem sido dificil livrar-me...é tão dificil começar de novo porque tu já não estás aqui.
Os dias nunca mais seriam iguais. A Paz que chegara, na verdade não era Paz nenhuma. Era saudade. Uma saudade acompanhada de uma calma imensa, que foi o que chegou com a tua partida.
E eu, Nuno, eu quero tanto, voltar a dar-te a mão. Descansar em Paz...sentir aquele amor incondicional que te tive até há 15 anos. Até ao dia 29 de Janeiro de 1995...um amor que nunca se cansou. Nunca mais consegui, e sinto tanto a falta disso....
Sempre que entro no meu quarto, que era o teu, por vezes está gelado, e eu sei porquê. És tu, que vens de longe, de lá de onde estás, e me acompanhas no meu sono. É por isso que agora sonho tantas vezes contigo.
É por isso também que tantas vezes olho pelo espelho retrovisor, e te vejo ali atrás, parado a zelar por mim...Não me abandones de novo. Não me abandones Nuno, porque eu vou amar-te sempre, sempre, sempre....até à eternidade, ou mais ainda.
Ajuda-me a conseguir encontrar este lugar sereno, este que me tiraste naquele dia. Ajuda-me a assentar de novo os pés na terra. A voltar a acreditar que o amor existe (porque eu sei que ele existe, tu ensinaste-me que sim).
Não me importo se tiver que segurar a tua mão a vida inteira. Eu só quero que estejas aqui. Ao meu lado. Sempre.
Tudo o que eu quero Nuno, é começar de novo....
29.01.1995
Nuno Filipe Silva Ribeiro
FALECEU
E eu ainda não acredito que deixei.....
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