sexta-feira, 30 de julho de 2010

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.


Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)



Depois pensemos, crianças adultas, que a vida

Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,

Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,

Mais longe que os deuses.



Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

Mais vale saber passar silenciosamente

E sem desassosegos grandes.



Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,

Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,

Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,

E sempre iria ter ao mar.



Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,

Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,

Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro

Ouvindo correr o rio e vendo-o.



Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as

No colo, e que o seu perfume suavize o momento —

Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,

Pagãos inocentes da decadência.



Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois

Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,

Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos

Nem fomos mais do que crianças.



E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,

Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.

Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.



Ricardo Reis, in "Odes"

Heterónimo de Fernando Pessoa
 
 

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Recomeçar; de novo

Parar.

Respirar fundo. Suster a respiração e lentamente permitir que o ar se liberte do nosso corpo. Esse mesmo ar, que há instantes invadia cada célula do nosso interior, espalha-se agora na atmosfera, no Universo, no planeta. É esse mesmo ar que pode 'contaminar' pensamentos puros, ou purificar pensamentos maliciosos. Tudo está na intenção que pomos nas coisas que fazemos.

Nada mais.

Respirar fundo, libertar o ar lentamente e voltar a inspirar, momento a momento, segundo a segundo, é o que nos faz viver, é o que faz com que cada momento conte. Com que cada olhar faça sentido; cada suspiro ao ouvido, cada gemido, cada apertar de mãos, cada gota de suor (...).

Respirar fundo, dar um passo atrás, e lentamente libertar o ar. Faze-lo vezes sem conta, tantas quanto necessário.
E depois seguir em frente. Sem sombras, sem medos, porque está tudo bem. Estamos bem. E estamos bem sempre que, ao invés de retermos esse ar, já viciado, dentro do nosso peito, ousemos libertá-lo, e permitir que se purifique. Que se regenere.

Respirar fundo, e lentamente deixar que a vida passe. Deixar que tudo corra conforme planeado (e assim acontece todos os dias) e não interferir com o rumo das coisas.

Respirar fundo, e deixar que, naturalmente a vida siga o seu curso normal. Que os olhares continuem a trocar-se. Não tapar os ouvidos aos suspiros, e apertar as mãos com força.

É que respirar fundo, e lentamente permitir que o ar se liberte, pode ser, pode muito bem ser, o encontro com a felicidade.

A minha. A tua.

A nossa felicidade.






quinta-feira, 22 de julho de 2010

Conversa de gajo

'Porque é que os homens querem sexo, e as mulheres precisam de amor'? - foi este livro que me ofereceram no Natal, e que, depois de rir à gargalhada em jantares de grupo, encostei. Estupidamente dediquei-me a leitura 'de qualidade', mas a qualidade estava aqui! A falta de qualidade esteve onde ficou a minha escolha. Ora que ha que ler livros com conteúdo literário, ou com escrita elaborada...Tretas. Há que ler aquilo que nos faz falta neste momento. Peguei no livro novamente e só o pouso quando devorar o final.

A maioria de nós foi educada na crença de encontrar 'o tal'- aquela pessoa especial com quem está escrito que passaremos a eternidade. Para a maioria das pessoas, no entanto, a vida real não se mostra à altura destas expectativas. A maioria das pessoas que se casa, acredita que o faz 'até que a morte os separe', mas as taxas de divórcio falam por si. Duvidas?
A incapacidade de fazer um relacionamento funcionar é encarada com uma falha pessoal pela maioria das pessoas, mas o conflito nos relacionamentos é o que constitui a norma.

A conclusão a que chego, quando observo os relacionamentos de hoje: sejam namorados, casados, amigos coloridos, e afins, é que há por aí uma grande falta de amor. Perderam-se valores ao longo dos anos, e o valor merecido pelo conceito da familia, da união, da cumplicidade, dos olhares que se trocam e dispensam palavras (tal como um Pai quando arregala os olhos e o filho fica estático), andar de mão dada na rua, os abraços apaixonados, os beijos loucos e fervorosos a toda a hora e momento, perdeu-se. Perdeu-se tudo.

Existem 3 estímulos cerebrais distintos com vista ao 'acasalamento e reprodução': o desejo carnal; o amor apaixonado; e o compromisso duradouro.
Se pensarmos, e é assim mesmo, que acada um destes sistemas está associado a distintas actividades hormonais, fica tudo muito mais facil. Porquê nós, mulheres, pediríamos de um homem aquilo que ele não tem capacidade de nos dar...? É uma questão hormonal. Tal como o desenvolvimento da inteligência humana. É ridiculo, e todos sabemos disso, pedir a uma criança de meses que escreva o seu nome. Tal como é absurdo pedir a um gajo, que mantenha as calças para cima, e as cuecas vestidas. Lá está: hormonas....não dá para muito mais do que isto. São básicos, e limitados. Ponto.

Limitadas são as mulheres que, igualmente, confiam no 'até que a morte nos separe' e passam uma vida miseravel entre a cozinha e o ferro a tratar do bem estar destas perfeitas aberrações da natureza (mas que conseguem levar-nos à lua...confesso)

Está mais do que comprovado que o amor é o resultado de um grupo especifico de substâncias quimicas e circuitos cerebrais que operam em determinadas áreas do cerebro (esta área não existe no cérebro masculino, eu diria...)

Em termos cientificos para 'leigos' (como eu) pode simplificar-se a coisa dizendo que o amor é desencadeado por uma combinação de substâncias quimicas presentes no cerebro (a dopamina, a oxitocina, a famosa testosterona...raios os partam...entre outras). Estas susbstâncias quimicas também existem no cerebro de todos os outros animais mamíferos, por isso, nada de vangloriar os homens e dizer que são uns ricos filhinhos porque nos fazem muito bem o jantar e/ou nos dão orgasmos multiplos e interminaveis. É o que eles sabem, fazer...ponto.

Ao pensarmos que é o nosso cerebro (e não o coração, isto, quando falamos dos gajos) que identifica o sentimento, tudo muda de patamar. As mulheres param de sofrer, e os gajos (estupores dos gajos) param de manter aquela pose do 'quero posso e mando' que não serve para nada mais do que nos dar cabo da vida (e da cama...com toda a delicia que isso acarreta...)

Uma das razões (lógicas) pelas quais o amor parece fazer-nos parar o coração, é a possibilidade e o temor de que o sentimento possa não ser recíproco, e o sonho possa subitamente chegar ao fim. Quando somos abandonados, o nosso cerebro (e não o nosso coração) quer ir atrás do nosso ex companheiro/a. Isto acontece porque quando revemos os nossos ex apaixonados, o nosso cerebro desencadeia a produção de dopamina, que não é nada mais do que a mesma hormona que está associada ao prazer e à dependência. Isto falando claramente, quer dizer que, não voltamos atrás por causa do amor mas sim da dependência que temos da pessoa, como se de uma droga. Por isso, quando nos acontecer uma destas desgraças, o meu conselho às amigas será o de arrancar os cabelos, e depois pedir nas urgências o antídoto para este (quase) veneno.

O amor é diferente...porque no amor a depêndência não passa por aqui. Passa por outros lados. Se revirmos um ex amigo, já não existe a produção dessa hormona e a terra continua a girar para o mesmo lado. É do conhecimento geral, todos nós sabemos, que a ruptura de uma relação pode desencadear várias doenças, principalmente do foro psicológico (gajos pá....)

O que dizem os médicos, é que 'normalmente' é preciso cerca de 1 mês por cada ano de relacionamento para a total recuperação. Ora como os casamentos de hoje duram o que duram, a coisa em meia duzia de meses fica resolvida. É basicamente uma desintoxicação. Simples. Muito simples. Já em casamentos que duraram 40 ou 50 anos, se um se vai, é muito frequente que o outro não dure muito depois disso, porque não tem de vida um mês por cada ano de relacionamento, e aí a coisa é mais complicada. Mas hoje em dia isso não se vê. Vou publicar já a seguir um texto que elogia o amor com uma grande categoria. É já a seguir.

Resumindo...em termos simples, o impulso sexual é uma mistura de substâncias quimicas que são libertadas para o sangue pelo cerebro, e estimula a produção das ditas hormonas, nomeadamente a testosterona e o estrogéneo. Obviamente que a circunstância do momento são factores determinantes para que a 'reacção quimica' se dê...uma canção, o cheiro de um perfume, ou vermos uma pessoa parecida podem desencadear a libertação destas hormonas no sangue. É só isto. Mais nada.

Diz também a ciência que todos os ideiais românticos, os sentimentos amorosos e altos e baixos por que podemos passar estão quimicamente ligados e não constituem (diz a ciência, eu ainda prefiro acreditar no contrário...) o encontro mistico e misterioso de almas em que todos gostaríamos de encontrar...(uma pena...)

Pior: Não compreender que o amor é uma sequência de reacções quimicas pode deixar-nos expostos ao primeiro predador que nos apareça....(ooops)

O amor, o desejo carnal, a paixão e o desejo sexual, são tudo respostas a reacções desencadeadas no nosso cerebro (o meu funciona de forma diferente, foi 'alterado'...)

Quando aprendemos que as nossas pulsões e sentimentos, são controlados por respostas quimicas que têm lugar no cerebro, podemos aprender a trabalhar com eles, em vez de os combater.

O amor é outra história. Também se sabe que as pessoas que amam e são amadas, vivem mais tempo, e são mais saudaveis. E se a quimica não funcionar à primeira, ou à segunda, ou à décima, o importante é nunca desistir, porque há uma quantidade infinita de pessoas ideais e perfeitas.

É por estas e outras, que este texto, que foi já motivo de post do dia em blogs anteriores, hi5's e afins, foi o que escolhi para brindar o meu post de hoje. Porque realmente há coisas que me ultrapassam, não entendo onde ficaram os valores que realmente têm valor, ou seja, mais concretamente, o amor...!

Espero que gostem tanto quanto eu.

"Elogio ao amor" -Miguel Esteves Cardoso


Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.


O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.




Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.





Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?




O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.


O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
 
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
 
Posto isto, nada a acrescentar. É tal e qual o que penso. Tal e qual (mesmo).

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Aprendemos não só com nossos erros,
Mas com erros e pensamentos de outros,
Evoluir então, encontrar a foice,
Ter paciência e se preparar,
Pois a hora da luta vai chegar. "


A hora da luta já chegou. Chegou quando o castelo começou a cair. Quando pequenas particulas de areia começaram a ser levadas pelo vento...tal como as palavras.
Podemos lutar de duas formas: enfrentar a batalha de cabeça levantada e de frente, ou...continuadamente recuar em pequenos passos, com medo de enfrentar o que há por vir.

A batalha nunca mais será igual, porque a luta não envolve ninguém. É uma luta entre ti e a tua consciência. De que mais ninguém faz parte.

O importante é enfrentar o futuro. O que passou, passou....e não podemos voltar atrás....(podemos???)
Aprendemos com os nossos erros, e também com erros alheios. Estou a aprender com os teus...mas estes doem. Como se fossem meus também. Como se tivesse que eternamente e a toda a hora estar a proteger-te...

Deita a cabeça no meu peito, e respira fundo. Sossega a alma...porque agora eu estou aqui. E não tens que temer mais nada.

Nunca mais.

Porque não te troco por nada e nem por ninguém; porque ninguém te ama como eu...




 

Dia 20....

....deixei de contar.


'O meu melhor amigo é o meu amor'....

Volto já ;)

domingo, 18 de julho de 2010

Dias 16, 17, 18, 19....??? Obrigada e até já....(ADIAMENTO)

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...


Álvaro de Campos

Dias 14 e 15

Porque todos os dias podem resumir-se num só, desde que o pensamento seja o mesmo, e esteja em sintonia no amor (incondicional). Ficar parado também é evoluir. É não conseguir grandes feitos, mas também evitar grandes erros. Conseguimos cometer muitas loucuras quando, sem certezas, achamos que devemos fazer alguma coisa. Por vezes não devemos fazer nada. Porque as coisas acontecem, mesmo que não façamos nada, porque tudo muda num instante, e porque a única constante é a mudança. A emocional também, e não há nada de errado nisso.

Por vezes é necessário, não só parar, como dar passos atrás, para conseguir seguir em frente. Não quero com isso dizer que vou sair do meu caminho, e nem poderia. Porque o escolhi, escolhemos, há mais de 500 anos (pelo menos) e não consigo fazer batota com o coração. Ele não deixa...

No entanto, saber que errei, permite-me, não rectificar erros passados, porque esses já contam da minha bagagem, mas sim, fazer as coisas vindouras de forma diferente. O sorriso, esse será sempre o mesmo. Mas as palavras podem mudar. Os actos também.

Perdi tempo demais focada em coisas futeis, vagas, inuteis, quando o mais importante eras tu. Mas não faz mal, porque agora sei isso, e quando errei, eu não sabia. Quer isto dizer que aprendi. E que se for questionada novamente, é mais certo que dê a resposta correcta. E quem sabe assim, chegue ao topo da pirâmide. Baby steps, my love, baby steps.

É preciso viver um dia de cada vez, não ter medo de chorar. Cheguei a pensar um dia que seria mais feliz se vivesse sem alguém. Não sei como pude pensar assim, ou talvez saiba: não te tinha achado ainda...e por isso estava certa. Se pensar hoje assim ainda, aí estarei errada, porque agora tu fazes parte dos dias, e das marés e do vento que me abana o cabelo e me tapa os olhos com ele. Estás nas flores, nos cheiros e nos sons do mar (...)
Não sei se foi a hora certa para te dizer certas coisas, mas eu não posso (e nem consigo) mais guardar. Das outras vezes que tentei, não me deixaste falar....ou não quiseste escutar.
Hoje ouves de forma diferente, porque as palavras são outras. Hoje, elas ganharam uma força que nunca tinham tido. Porque antes do tempo, eu já as tinha escrito num papel pequeno, sujo e amassado, para tas dizer. Guardei-o na algibeira do casaco que não uso, e por isso, as palavras perderam-se.

É preciso viver um dia de cada vez. É preciso sentir saudade e não ter medo de chorar....
Um dia cheguei a pensar que sem alguém viveria mais feliz.

Não sei se agora é a hora certa para te dizer, as tantas coisas que não consigo mais calar. Tentei tantas outras vezes, mas a tua alma não me deixou falar....

A nossa história mudou. Mudou várias vezes já. E eu sei, tu sabes, que mudará mais vezes ainda.



Porque nada é eterno, e a vida muda num instante.
E quando as flores, os sons, os frutos e os aromas se juntarem todos, como que se num hino à felicidade, então meu amor, enlacemos as mãos num baile a dois. Que mais ninguém saberá dançar. Nem conseguirá acompanhar.
Porque os aromas, os sons e as flores, não conseguem mais calar aquilo que sinto por ti.

E que tu conheces tão bem....e há tanto tempo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dia 13 (15...a continuação/evolução)

Sequei muitas vezes as tuas lágrimas. Descansaste a cabeça muitas vezes no meu ventre. Tocaste-me como ninguém. E eu dei de volta. Toquei como A ninguém havia tocado antes. No corpo. No coração. Na alma…

Hoje apanho os cacos do que tu quebraste durante a tua partida. Tento colar os pedacinhos todos, mas faltam alguns, quebraste-os demais, e já não encaixam…

Amei-te como uma Mãe ama o seu filho. Ouvi os teus suspiros e a tua respiração acelerada dias a fio, quando pousavas a cabeça no meu ventre…apertei-te bem as mãos, e ainda assim, não apertei suficientemente bem. Porque quando olhei as minhas mãos, os teus dedos haviam já partido. Como se fossem feitos de areia. Como se tudo o que vivemos tivesse acontecido dentro de um castelo. Também ele feito de areia. Mas neste castelo, há príncipes e princesas. Porque foi assim que imaginei as coisas. Pintei um quadro, e tu, ajudaste-me a colori-lo de coisas bonitas, de aromas de sonho, e cores que só nós conhecemos. Que nós inventamos.

Neste castelo, eu sou a tua princesa, e tu, o meu príncipe. Sou a tua menina e tu, o meu rapaz…E quando unimos as mãos somos um só. Num castelo, onde não vive mais ninguém. Que mais ninguém conhece. Um castelo que não vem nos mapas e não faz parte da história Universal. Nem das histórias que estão por ser escritas ainda. Nem das bolas do mundo que os velhos livros ilustram.

Sequei muitas vezes as tuas lágrimas. Disse-te vezes sem conta que não temesses, porque vai ficar tudo bem. Está tudo bem. E estará sempre.

Porque eu estarei sempre contigo, de dia e de noite. Estejas tu em que parte do castelo estiveres. Por muitas portas que se mantenham fechadas, eu saberei sempre onde te encontrar, e nunca ficarás só. E mesmo quando o castelo em que te refugias, estiver prestes a tombar, reunirei todas as minhas forças, todas as pedras e rochas do Universo, e farei um circulo em torno dele, para que nunca, nunca caias no chão. E quando de novo te ergueres, forte como a maré em noite de tempestade, então abrirei os meus braços, e, por mais que chova, ficarei ali, a ver-te caminhar. Em frente. Com a certeza de que é em frente que deves seguir. Mas tens que ter a certeza, porque não poderás mais voltar atrás. No momento em que virares as costas a este castelo, ele vai desaparecer, e, como não aparece em registo nenhum que se conheça, jamais poderás encontrá-lo.







Só nessa altura. Não antes.

E mesmo que olhes para trás, e me procures, não vais ver-me. Porque eu vivo dentro da tua alma. Eu sou a criança que nunca deixaste de ser. A criança que nunca cresceu. E que vive dentro de ti. Sou o esplendor da tua luz, o que te faz brilhar tanto. E sempre que sorrires e alguém te sorrir de volta, lembra-te do que te disse sempre: o mais importante é SORRIR, e o Universo responder-te-á da mesma forma.



Um sorriso vale mais do que mil palavras (e as lágrimas também).

Sempre te sorri muito, porque recebia sorrisos de volta, e eles fazem-me cócegas na alma, e eu rio mais ainda. Mas quando me viste chorar, e perguntaste porquê e não te disse…foi porque sabia que o nosso castelo de areia ia cair. Porque te senti fugir por entre os dedos e tive medo…

Um medo tonto, porque não há distância que separe duas almas que não podem ser separadas. E tu sabes bem disso. Se queremos estar num lugar, já lá estamos. Se queremos estar com uma pessoa, ela está do nosso lado. Para isso, basta querer com o coração. A distância entre os homens, as pessoas, somos nós que a cavamos. E a que existe entre nós os dois, eu e tu, é como o tamanho de uma pequena ilha, num mapa do mundo. Não há distância entre nós, porque as nossas almas se selaram. Num beijo. Em vários beijos…

Nada acontece por acaso. Ninguém se conhece por acaso. E há uma 6ª feira todas as semanas. E há um dia 15 todos os meses. Há dia sempre depois de cada noite. E há um sorriso, sempre a rematar uma mágoa que ficou. Mas não ficou…porque não é mágoa. É amor.

Quando voltares a erguer-te meu amor, do meio da tempestade e decidires caminhar, levanta bem o rosto, e pergunta ao sol o caminho a seguir. Ele não vai falhar-te, como não me falha a mim também. A mim faz-me arder os olhos, e o esforço para aguentar a sua luz, é imenso. Quase tanto quanto o esforço para deixar de te querer a toda a hora (…). Faz-me cair lágrimas, quase tantas lágrimas quantas as que deixo cair desde a tua partida..

Pede ao céu, ao fundo do mar e aos anjos, que te tragam certezas. Não de que és perfeito nas escolhas, porque isso seria ambicionar o intangível. Mas pede aos céus, ao sol, e ao fundo do mar, e aos anjos, que te tragam a sabedoria dos Deuses. Para que possas sempre estender a mão, aquele que te pedir ajuda, ou perdão…e isso deverá bastar-te. Porque é isso o que enche o coração dos homens como tu.



Sem certezas, não devemos caminhar. Ficar no mesmo lugar, parar, também faz parte da aprendizagem. Não seguir para a esquerda ou para a direita, também faz parte da evolução. Quantas vezes é necessário um passo atrás, para seguir em frente...quantas meu amor...

Pois nada acontece por acaso. Muito menos às 6ªs feiras.

E nessas noites de tempestade, em que caminharás em frente e sem medos, vai finalmente parar de chover.

Mas hoje chove. E nos meus olhos, também.





quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dia 12


Na verdade hoje é dia 15 e não dia 12.


O Titanic naufragou num dia 15.
A Proclamação da Republica no Brasil foi num dia 15.

Vários factos históricos comprovam que o dia 15 é um dia especial. Pelos acontecimentos, pelas luas, e os sóis. Todos os dias são especiais, e diferentes. Porque nenhum é igual ao anterior, e o seguinte é-nos ainda desconhecido e não podemos antecipá-lo. Devemos deixar que as coisas aconteçam naturalmente, sem pressas.
Mas que hoje é dia 15 e não vai passar em branco, lá isso não.





terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia 11 - Adeus



Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio.

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,

gastámos as mãos à força de as apertarmos,

gastámos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.



Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas:

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.



Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,

era no tempo em que os meus olhos

eram realmente peixes verdes.

Hoje são apenas os meus olhos.

É pouco mas é verdade,

uns olhos como todos os outros.



Já gastámos as palavras.

Quando agora digo: meu amor,

já não se passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certeza

de que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.



Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.



Adeus.



Eugénio de Andrade

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dia 10

Este aplica-se a ti, na perfeição. Serve-te como uma luva. Mas sei que um dia vais entender qual a lição que tens que aprender...e já não falta muito..(my love...) Vais aprender, e se, quando chegar a altura não entenderes, não faz mal...eu ajudar-te-ei a compreender, como já tantas vezes fiz...deita a cabeça e descansa....descansa muito. E procura a Paz, e deixa-te ficar por lá....

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro

domingo, 11 de julho de 2010

Dia 9 - That which does not kill us makes us stronger. **Friedrich Nietzsche


A caminhada, por mais longa que seja, torna-se mais suportavel, quando temos esperança no coração. Se a vida parece desiquilibrada, é altura de começarmos por avaliar as nossas próprias acções, não seremos afinal, nós, a causa de todas as nossas amarguras?
Sem duvida...mas só paramos para pensar e auto avaliar-nos, quando é já tarde demais. Será que é tarde demais para mim também? Para nós?...

Se o sol se põe todos os dias, para no dia seguinte voltar a nascer, todos merecemos mais do que uma oportunidade. A humildade em aceitar os nossos erros, é o primeiro passo, e o mais importante. Depois devemos, não mudar nunca a pessoa que somos, mas mudar sim, a nossa postura perante a vida, perante as outras pessoas.

Regra número Um: colocarmo-nos sempre numa posição que não permita aos outros, em nosso redor, fazer-nos mal. Pois isso depende apenas de nós.

Não há nada de errado em sofrer por amor, ou perder um grande amigo. É através do sofrimento que aprendemos, e aprendemos a corrigir os nossos erros.

No entanto, o livre arbitrio do outro, pode nunca mais permitir-nos mostrar que já percebemos as nossas falhas, e que estavamos errados, e que nos perdoamos, ... (desculpa...??? outra vez...) e é esse espaço que somos obrigados a respeitar. Que não temos de forma alguma o direito de invadir.

Enquanto não me faltarem as forças, jamais o farei.

Não por falta de querer, mas pelo imenso respeito e amor que te dedico...
....todas as noites...
....antes de dormir...

Que os teus dias sejam repletos de Paz, e Amor I N C O N D I C I O N A L...

O objectivo do Dai Ko Myo é a cura da alma, transmita o Dai Ko Myo na cura à distância (...)'



sábado, 10 de julho de 2010

Dia 7, dia 8...


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos



Pensamento negativo:
Ignorância
Medo
Tristeza
Insegurança
Vaidade
Orgulho
Inveja
Ódio
Ira
Violência
Indiferença
Mentira



Pensamento positivo:
Sabedoria
Confiança/ Fé
Alegria
Fortaleza
Humildade
Simplicidade
Generosidade
Amor
Paciência (....)
Paz
Altruísmo
Sinceridade

Talvez não reuna (ainda) todos os degraus desta etapa, mas não me sinto tão longe assim.
Querer viver em harmonia, é algo a que todos aspiramos. Todos procuramos Paz, Amor, ser Amado...Mas se recebemos na medida em que damos, então para ser amados, devemos amar muito. Para vivermos em Paz, devemos proporcionar essa Paz em nossa volta.

Talvez tenha falhado aqui. Talvez tenha fechado os olhos ao que se passava em torno de mim, em função de coisas menos importantes. Talvez não te tenha dado o valor que merecias (porque o mereces) na altura certa. Mas diz-me....nunca erraste?
Quem nunca cometeu um erro, poderá atirar pedras.


Por isto, espero que me perdoes, eu tive que me perdoar também....Por todo o resto, tudo o que sou, aquilo que tenho...por isso, espero apenas que me ames de volta.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dia 6

'Os sonhos têm um preço, há sonhos caros e há sonhos baratos, mas para mim, a possibilidade de realizar um sonho, é o que torna a vida interessante'
                                                              

                                                                                                            (09.02.2010)




Uma despedida sem Adeus e sem palavras. Com sorrisos entre lágrimas. Disse-te Adeus sem que se apagasse a chama. E por isso continuo a falar contigo, com a alma, com o coração. Com o mesmo amor de sempre.

A parte que faz mais falta é a minha mensagem mágica antes de dormir.....

Boa noite para ti também meu anjo....como sinto a tua falta.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dia (SIM)co

O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa.
O perdão pode ser considerado simplesmente em termos dos sentimentos da pessoa que perdoa,
ou em termos do relacionamento entre quem perdoa e é perdoado. É normalmente concedido sem qualquer expectativa de compensação, e pode ocorrer sem que o 'perdoado' tome conhecimento.

Insisti que tomasses conhecimento, porque não estaria em Paz comigo mesma se de outra forma fosse. Quis olhar-te nos olhos, secar-te as lágrimas (e as minhas também), pois só assim poderias ter a noção da dimensão do meu amor.
Os sorrisos (só meus) os meus jeitos, os meus olhares: eles são teus, e teus apenas.  

Foram tantas lágrimas...não de tristeza, mas de saudade!


Não precisamos esquecer, mas sim apenas perdoar. Pois aquele que perdoa o próximo, é perdoado e recebe em dobro. Na verdade, talvez não houvesse tanto assim a perdoar. A fraqueza também foi minha. Diz-se frequentemente que perdoar não é facil, pois então ser perdoado seria impossivel. Uma vez que a lei de causa/efeito assim o diz, recebemos aquilo que damos. Em dobro.

'Nada é pequeno no amor. Aquele que espera grandes ocasiões para provar a sua ternura não sabe amar'


Soube amar-te. Amo-te. Amar-te-ei sempre. Com toda a minha força, o meu melhor sorriso, e toda a ternura do Universo.
Porque os olhos não mentem...os teus não.
Amar não é procurar pessoas perfeitas (elas não existem) , aquela dos nossos sonhos. Não existem Principes, nem Princesas. Devemos encarar a outra pessoa de forma leal, reforçando as suas qualidades, mas aceitando tambem os seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforma no melhor que conseguimos ser...

Transformaste-me numa nova pessoa. Hoje não guardo rancor, nem magoas, nem desalentos. Sorrio, como tanto gostas, e sinto-me mais feliz assim. A ti o devo. É muito bom morrer de amor e continuar a viver...
Ensinaste-me a não cair. A viver e a sorrir SEMPRE. E hoje, o que cobro de ti é o mesmo...que sorrias sempre...SEMPRE, não encontro nada mais bonito do que o teu sorriso.






Se não demorares muito posso esperar-te por toda a minha vida.

Oscar Wilde

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dia 4

Não tenhas medo da mudança. Ela é a unica constante...Ter medo da mudança e tentar a fuga, é a única forma de escolher o caminho da exclusão- o melhor, é prepararmo-nos para a transição; identificar as causas da mudança, e transformar a nossa realidade individual, através da transformação.

Todos nós, na nossa actual existência, estamos a recolher o que semeamos nas nossas vidas passadas, e ao mesmo tempo a semear o que recolheremos em vidas futuras. É necessária e urgente a clareza nas palavras. Não mentir nunca. OU ainda mesmo que achemos que não estamos a mentir, dizer APENAS as palavras que temos a CERTEZA serem reais...

Não se dá a mão com que a seguir se vai tirar...Nunca se diz 'gosto de ti' para de seguida se dizer 'vai embora'...

Agora estou feliz minha filha, porque finalmente estás a seguir o caminho certo.


E não tenho receios, nem medos, porque eu, estou a seguir o meu coração. E respeito o livre arbitrio de cada um.

Decisões erradas, apenas atrasam o nosso percurso certo.

Como disse e sempre digo, não podemos encontrar um caminho certo, se permanecermos no caminho errado. É preciso abrir os olhos, pois tudo nos é colocado na frente, mesmo à espera que tomemos decisões...sejam elas certas ou erradas.

E tu nem imaginas o quanto me tens ensinado.



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dia 3

''Mas se a livre escolha realmente existe na altura de escolher, os homens têm claramente responsabilidade moral por decidirem entre duas ou mais alternativas genuínas, e o álibi determinista não tem qualquer peso. Assim, o coração da nossa discussão radica na questão de saber se é verdade que temos livre escolha ou se é verdadeiro o determinismo universal.''

Livre arbitrio é algo que todos temos. Aquando dos obstáculos, temos sempre duas opções, seguir um caminho ou outro, fazer uma ou outra escolha, e sim, porque a vida (esta) é mesmo repleta de escolhas.
Primeiro há uma intuição imediata e poderosa, afinal todos sabemos que existe a liberdade de escolha. Esta intuição é tão óbvia quanto a dor, ou o prazer, o frio ou o calor, a fome, a sede...A tentativa de se provar que esta liberdade é falsa, é tão artificial quanto a pretensão de que a dor não é real.
Por ser uma intuição tão forte, não deve nunca ser descurada.

Claro que podemos sempre recusar o argumento, desculpamo-nos constantemente com 'coincidências' ou 'acasos' quando na verdade nada disso é real.

Sabemos que as coincidências e o acaso não existem. Há que encontrar respostas. Foi na procura de respostas que descobri que tenho e sempre terei, a opção de escolha.

Eu, e todos nós. O livre arbitrio é inato.

A questão é: o que fazemos com ele?




domingo, 4 de julho de 2010

Dia 2

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.




A maioria das gaivotas preocupa-se em se alimentar. Esta era diferente. Queria voar alto, rumo ao desconhecido e aquilo que era novo. Para tal, foi-lhe exigido esforço, perseverança, e força de vontade. Para as gaivotas o importante é voar em busca de alimento, mas para esta o que mais importava era voar, pelo prazer de voar. Tentou inclusivamente seguir o ritual em que todas as gaivotas seguem os barcos em busca de restos de peixes para se alimentar, mas esta gaivota achou que isso não fazia sentido. Não fazia sentido remediar-se com uma coisa pequena, quando há um grandioso céu, e um mundo inteiro, pronto para ser descoberto. Tornou-se num pássaro solitário, não só pelo seu modo de ser, mas por ter sido incompreendido pelos seus semelhantes.
Sempre que alguém quer inovar, quer ir de encontro ao rotineiro, ao que foi já estabelecido, e acaba por abalar as estruturas da mesmice, e então resolve-se o problema voando para longe daqueles que andam, um atrás do outro, sem saber para onde vai a multidão.
Esta Gaivota saiu da sua zona de conforto, tornou-se vulneravel ao fracasso, mas em compensação aquiriu total controlo sobre o medo e pôde assim voar cada vez mais alto, a outro plano onde poderia vir a aprender novas sabedorias, a adquirir maior conhecimento.

O amor é condição 'sine qua non' para tudo. O saber seguir em frente sem carregar consigo mágoas daqueles que ainda engatinham na sua aprendizagem, e por esta razão não conseguem ver sob a mesma óptica nossa, é a mais pura expressão do amor. Todos temos direito de abrir novas trilhas na nossa caminhada, basta querer.
Basta que nos libertemos das amarras da rotina para que possamos caminhar rumo à liberdade do SER.


adaptado de 'Fernão Capelo Gaivota' -Richard Bach

sábado, 3 de julho de 2010

dia 1

'É um não querer mais que bem querer'

As sensações hoje trazem culpa, pelas palavras, pela agressividade, que não me conheço. Talvez agora sinta que dei o que recebi, e como isso me deixa deveras triste...
O 'plano' é sempre dar o que se recebe, em dobro, mas não sigo a coisa à regra. Tenho levado muita chapada, e tenho dado a outra face. Perdoo, como já te perdoei, mas este aperto no coração, esta dor aguda na alma, isso não passou com o perdão.

Tenho vontade de voar. De sair do meu corpo e deixá-lo lá pousado a ver do lado de fora o que acontece. Quando estamos do lado de fora, é tudo muito mais claro. Como não é ainda para ti. Evidentemente. Nem poderia....
Estás dentro de ti, e da tua vida, e a luz é pouca, e é dificil pensar claramente.

Construí (de novo) um castelo de areia. Sentia que este estava firme, e que não havia duvida. Quando a duvida surgiu, veio uma onda daquelas bem agressivas, e derrubou tudo. Tudo mudou num instante...

A pior parte, e o que me doi mais, é saber que estás a esconder-me alguma coisa. E que não confias em mim para me dizer tudo na totalidade.

Porque isso, foi o que sempre fiz contigo.
Hoje é o dia 1. Ainda dói, dói mesmo muito. Mas chegará o dia em que já não vai doer mais, sei disso. Tanto a mim, como a ti.

Quando apareceste, coloquei todas as questões do mundo, mas pouco me preocupei com as respostas. Desta vez coloco igualmente questões, mas as respostas fazem-me sofrer e doem muito.

Acreditei que morava no teu coração. Que querias manter a tua mão enlaçada na minha. A tua alma ligada à minha, numa união que não se quebra nunca. Como eu acreditei nisso....

E como lamento que não tenhas sido claro comigo, e não me tenhas dito que não era verdade...Podia ter-me poupado a esta dor que sinto.